O meu livro garrafa

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Depois...

Depois, nada se extingue com a partida. [é assim que cantam as chamas dentro do meu peito]
No depois acendem-se de novo as ausências, como se em permanência me quisessem castigar - sorrio-lhes! - Porque não é disso que se trata.
Depois, chegas de novo e deixas-me continuar a sonhar. Para sonhar, embalo-me na tua pele como se quisesse os teus sonhos a papel químico no meu corpo. Sonha comigo os mesmos sonhos para que depois, retornemos ao plano das emoções longínquas, de todas as estradas que nos separam e de todas as pontes que existem entre nós.
Depois, retiro-me no odor inebriante do teu corpo e perpetuo o teu abraço de alma. E os meus olhos sorriem o sorriso mais puro da sintonia. É sempre assim, depois.
E depois, queima-se-me o corpo, arde-me a pele da falta e dentro do coração todos os pássaros acordam e levantam voo, e as veias que me riscam o ser quase desatam a chorar. [é assim que o sangue me corre cá dentro]
Depois, fico eu. [a tua...]
Depois, ficas tu. [o meu...]

Para sempre, depois...

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Afinadora de palavras

Nem sempre a composição de palavras surge da forma mais bonita, ou com o sentido mais  sublime. 
As palavras vestem de forma mais ou menos inequívoca, o que somos, e não somos sempre felizes, ou não somos sempre tristes, somos um turbilhão de emoções a ser explorado e um poço de peculiaridades a ser desvendado. 
Há sempre de nós, mesmo numa total ficção, e como tal, poucos são os textos que considero ficção, ainda que possam ser ficcionados .
A forma como se misturam as palavras e a forma como fazemos uso dos tempos verbais para as servir, faz lembrar que também as composições de palavras devem ser afinadas por forma a que lhes sejam impressas com assertividade os sentidos. Palavras também se cheiram, também se saboreiam, podem ser música ou podem ser facas que sentimos cravarem-se no peito, carícias ou murros, sorrisos ou lágrimas...
Afino as minhas palavras à minha imagem, estas são minhas, visto-as de variados sentidos mas só eu sei o que estou a pensar e a sentir ao escrevê-las. A mesma composição de palavras pode no entanto, ao ser lida, suscitar sentidos completamente diferentes dos que lhe imprimi, porque tudo depende da sensibilidade de quem lê, e essa deixa de ser a minha responsabilidade e também deixam de ser as minhas palavras, para passarem a ser as palavras de quem lê.
Não sou escritora. Sou afinadora de palavras, apaixonada por elas e pelo que podem gerar e/ou transformar se forem bem afinadas...

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Não respondas

Não são perguntas que peçam uma resposta, são divagações, pensamentos transbordantes de mim. É tanto o que me corre por dentro, que não cabendo mais, extravasa e me sai pelos dedos, invariavelmente mais vezes, que aquelas que me sai pela boca.
Não que seja por medo, mas não articulo verbalmente com a mesma segurança que quando o faço escrevendo. Escrevendo não sou interrompida no raciocínio lógico, ou nem por isso. Não se baralham as conversas, como nos acontece quando, a horas tardias só nossas, começamos inúmeras e terminamos muito poucas. Depois ficam sempre conversas por conversar, conversas que não são menos importantes só pelo facto de serem banais. Não há banalidade em nós, tudo faz parte, tudo é necessário, e até a desconversa que nos faz rebentar em gargalhadas.
Não te pergunto, permito-me ir esclarecendo receios ao mesmo tempo que os tento ultrapassar, faço os meus filmes, sempre fui uma grande argumentista da minha história, hoje, mais madura e menos novelista, porém, ainda incorro no erro de sofrer por antecipação, até que o meu pequeno lado racional ergue mais alto a sua voz e capta a minha atenção - respiro, revejo, reformulo e reescrevo. São baldes cheios de papel virtual amarrotado e são pequenas histórias definitivas que se podem ler no papel. Nelas, e mesmo nas tristes, procuro sempre olhar o lado positivo, e nos momentos mais sóbrios das minhas emoções, eu consigo acreditar, e continuar a acreditar.
Acredito essencialmente nas pessoas, digo-o sempre. É meu dever acreditar pela firme convicção de que sou uma pessoa de confiança e espero a mesma atitude para comigo. Tenho para mim, que se me enganar, não fui eu quem errou, mas quem não foi digno da minha confiança... e sigo... eu sigo sempre!
Cometo erros, muitos, tenho defeitos também, mas tenho orgulho na capacidade de fazer o mea culpa, liberta-me.

Não respondas...

Não sei falar muito de mim, mas sei mostrar quem sou, o que sinto e o que quero, já percebeste?

Não respondas...


domingo, 20 de julho de 2014

Carta ao tempo

Caro tempo... dá-me tempo, é o que tenho para, humildemente, te pedir.
Não tenho qualquer intenção de ser dona de ti, de mandar em ti, de te domar. Peço-te apenas que dentro dos teus avanços e recuos, dos teus passos mais lentos ou apressados, me dês o tempo necessário.
Sabes, quando temos tempo, não temos pressa, e quando não temos pressa, há tempo para tudo!
Por isso eu só quero o tempo certo para poder viver intensamente os momentos presentes, e felizes, o tempo certo de tudo evoluir naturalmente, e o tempo necessário para ir assimilando essa evolução. Tempo para crescer interiormente, e ver crescer os meus.
Não tenhas pressa para nada, nem sequer para me sentires segura, porque nos passos que avanço a medo, recebo os sinais que me permitem ir sustentando a esperança, e assim, também a segurança a seu tempo se instalará. 
Eu dou o meu tempo ao tempo, para que magicamente transforme as esperas em danças intemporais que me transportam para momentos de puro prazer. Dá-me tempo também, para conquistar o meu espaço sem ser intrusiva, para ir ganhando terreno, sem nada impor. Sou todo um tempo de sorrisos e gargalhadas partilhadas, numa espécie de ritual de conquista. 
Caro tempo, só não tenho, nem quero, tempo para não ser feliz!



quarta-feira, 16 de julho de 2014

Segredo

Venho contar-te um segredo. 

Quando se aproximam as noites que tanto temo, e chega a hora em que tenho de fechar os meus olhos ao Mundo, não me contenho. É nessas alturas que deixo que as lágrimas expurguem tudo o que vai cá dentro. Tudo o que a água do duche não foi capaz de fazer desaparecer pelo ralo. E quando finalmente as lágrimas embalam o meu sono para outra dimensão, eu reinvento os meus sonhos por concretizar, eu perdoo quem me magoou, mesmo sem saber, e perdoo-me a mim própria por alguns julgamentos fáceis em que incorri, movida pela pressão desta sociedade manipuladora da qual procuro fazer parte, sim, mas à minha maneira e tentanto não me deixar apenas levar na corrente. 

E venho aqui ter contigo, e aqui te encontro sempre. E aqui continuo a agradecer todos os dias por te ter conhecido. Tu não entendes muita coisa, mas eu também não sei explicar melhor. Sei que me entrego na plenitude do meu Ser, mas isso nunca parece ser o suficiente, mas não me arrependo. Onde estou só sei estar inteira. Tu ouves-me, e eu sinto-me bem. Depois passa, e eu sinto-me perdida. Vagueio pelos corredores da minha solidão como se esta pudesse ter um fim, mas percebo sempre que por muito que os meus passos acelerem, por muito que pareça estar a alcançar o fim, afinal era só e apenas mais uma curva no caminho. não desisto, porém... 

Quando penso que acordo, vejo-me menina, de olhar cheio de Esperança e Amor, encarando o Mundo da minha janela aberta e vendo sempre algo de bom, mesmo quando aparentemente nada era bom de facto. Quero de volta essa ingenuidade que a vida adulta tenta roubar-me... 

Afinal não tinha acordado, tinha apenas passado a uma outra dimensão de um mesmo sonho. Neste se misturam imagens difusas de uma menina, acho que sou eu mesma, correndo num labirinto de encruzilhadas, primeiro com um sorriso estampado no rosto e uma alegria imensamente infantil, mas depois, subitamente, deixando-se tomar por uma expressão facial de angústia, medo e dor, motivada pelas tomadas de decisão a que era obrigada cada vez que o caminho se desmultiplicava em mil direcções. 

Acordei, agora sei que acordei, em sobressalto, com mil cavalos no lugar em que eu julgava devia estar o meu coração, batendo a compasso. Subi apressada às águas furtadas como se à minha espera estivesses tu, para que eu pudesse apaziguar a minha alma com o meu olhar. Lá estavas tu, sentado , encarando a lua cheia numa noite morna. Aproximei-me de ti, e inexplicavelmente tomei o teu lugar, tornando-me tu próprio em mim. Diz a ciência que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, mas eu não sou de ciências, sou de letras. Como tal eu digo, dois corpos podem ocupar o espaço de uma única Alma. 

Onde quer que estejas eu estou contigo... e esse é o segredo!

[Abril 2011]

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Revisitar

É com alegria que percebo que posso revisitar os meus lugares, as minhas pessoas, as minhas memórias, as minhas dores, as minhas alegrias, sem o peso da culpa, do remorso ou do ressentimento.
É de sorriso nos lábios que folheio os antigos álbuns de fotos que organizei ao longo dos anos, do tempo que as fotos eram em papel e antes de me render à modernidade. Deles consta muita gente que fez parte da minha vida. Alguns ainda fazem, outros inevitavelmente já partiram desta vida e outros ainda apenas partiram da minha vida (ou eu, da deles). 
Voltam os momentos na sua genuinidade, ainda que, em momentos maus tenhamos tendência para questionar da autenticidade, opto, assumo a minha escolha, por revê-los com o olhar da verdade. E é por isso que não guardo sequer arrependimentos dos erros, dos desencontros, da falta de capacidade de alguns em respeitar a unicidade de cada um de nós e da falta de capacidade de outros em assumirem as suas escolhas. Da minha própria falta de capacidade para entender certas atitudes que aprisionam, que condicionam e que tendem a transformar coisas bonitas, em farsas.
E sou grata, por todas as aprendizagens que me proporcionaram, pelas dores que deliberadamente, ou não, me infligiram, pelos prazeres e alegrias que me ofereceram, pelas sinergias que partilhámos, e só tenho pena das palavras que hoje já não trocamos. 
Traço um percurso de vida em montanha russa pelo assumido papel de viver sempre intensamente as minhas emoções! Não o lastimo, apesar de nem sempre ser fácil. 
E guardo todas as pessoas que se cruzaram comigo e até aquelas que não souberam merecer a minha entrega, ou a minha amizade.
Hoje foi dia de revisitar momentos arquivados, alguns difíceis, outros ligeiros... e uns e outros me deixaram de coração e alma cheios... mas talvez apenas porque me sinto feliz, e a felicidade põe tudo o mais em perspectiva...

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Uma página em branco

Continuo aqui, enfrentando esta folha de papel em branco, apurando os meus sentidos para lhe sentir o toque macio e o cheiro quente. A caneta parece não me ser de serventia, parada na minha mão, e o meu pulso parece não se querer mexer, naquele movimento frenético do costume, quando inspirada, desenrolo as palavras e as derramo no papel. Gosto de desenhar cada letra na minha peculiar caligrafia, observando a forma mágica como as palavras se vão formando originando, tantas vezes, sentimentos avessos e até desconhecidos. Gosto do cheiro da tinta permanente, afirmativa, cheia de personalidade, que marcará de forma indelével aquela folha de papel que já foi em branco e agora já não o é mais.
Assim somos nós, como uma folha em branco a cada novo capítulo. Não vale a pena sequer tentarmos arrancar as folhas que albergam as passagens que menos nos agradam, do livro da nossa vida. Todos esses parágrafos terminam num ponto final, no pressuposto, mais que justo, de que todo o fim implica um novo começo. E em cada novo começo, uma nova página em branco.
Neste livro que faz prova provada da nossa passagem pela Vida, muitas vezes não somos nós quem escreve, mas tantas vezes somos só nós quem lê… Somos também como que um livro de visitas, que tanta gente que passa vai assinando, ou como um livro de autógrafos, onde recebemos as palavras que outros nos querem oferecer e dessa forma nos vamos fazendo gente, nos vamos deixando crescer em liberdade de sermos, não só nós, mas todos aqueles que de uma forma ou outra fazem parte da nossa vida, nos escolheram ou por nós foram escolhidos.
Nos momentos mais positivos, atrevo-me a retirar determinados capítulos mais difíceis da prateleira,  folheando cuidadosa e demoradamente cada página, tentando entender algo de novo que no calor da situação e na cegueira da emoção tenha deixado escapar. Estes capítulos são apenas para ser remexidos quando sentimos dentro de nós a força e coragem suficientes e saberemos que as feridas, se as houver, estarão saradas no dia em que as lágrimas deixarem de rolar a cada leitura, ou isso, ou então secámos definitivamente e perdemos a capacidade de sofrer. Tenho medo! Mais ainda de perder a capacidade de amar…
(...)
Era Verão, participava de uma fuga lenta a um amor que não lhe estava destinado, quase que estava já convencida de que tinha virado a página, já não perdia a respiração quando o via, já não tremia quando lhe falava e tudo estava dentro dela mais pacífico desde que a sua determinação, que ainda hoje não sabe bem onde a foi buscar, a fez ter a coragem de assumir de que estava na hora de encerrar aquele capítulo. Um capítulo escrito de rosas vermelhas, símbolo do amor, e dos espinhos dessas mesmas rosas, inundado de lágrimas salgadas e de melodias que lhe conferem, ao capítulo, um especial “quê” no livro da Vida.
Já sorria, os dias já não se arrastavam, o Sol já brilhava de novo dentro de si, e ali estava ela perante nova folha de papel em branco, sentia que de novo o Amor a podia conquistar, estava disponível para que isso pudesse acontecer, sentiu-se de novo tremer, sentiu de novo que a respiração lhe falhava e que o chão não estava mais no lugar. Porém, cedo se revelou de que afinal, a folha não estava em branco… como que de repente surgiram páginas e páginas seguidas de uma história que já havia sido escrita. Surgiram do nada sem que ela pudesse fazê-las parar. Queria deter a crueldade daquelas palavras, queria apagar o sentido daquela história, mas estava escrita a tinta permanente, e ela sabia de que nada adiantava arrancar as folhas, pois também permanentemente ficaria inscrita no livro da sua vida. Por momentos, longos momentos, perdeu a noção de si, quem era afinal, de que era feita, o que a movia!?
Porquê!?
Tomou então as rédeas da escrita, e no meio da folha vazia, cheia de branco, macia, cheirando ainda a virgem, derramou a palavra que a seguir se dita:

FIM!

[Janeiro de 2011]

domingo, 29 de junho de 2014

Gerúndio

Vou estando ocupada, sendo feliz.
Filtrando à partida o que me perturba, porque sim, o nosso mal é este pensamento que não pára, e que tenta sempre impedir-nos de estar em paz, gozando da felicidade dos momentos.
É por isso que gosto do gerúndio. Com ele, dou continuidade às acções positivas, aos pensamentos felizes e dou continuidade aos sonhos e desejos. É o gerúndio que me arruma com os pretéritos, ainda que mais-que-perfeitos, e me embala para os futuros cheios de energias positivas.
Sorrindo, eu sei que vou atrair sorrisos; beijando, eu sei que vou despertar emoções, abraçando, eu sei que vou voar.
E sigo voando, e sigo despertando os sentidos, apurando cada vez mais a capacidade de amar, transformando os cépticos com a minha vontade, com a minha energia e força, preciso deles também, como se fossem o motor que desperta a minha entrega ao desafio.
Gosto de desafios, e desafiando os limites percebo que há sempre um voar mais alto, um sentir mais profundo, uma emoção mais intensa, há sempre mais no caminho, há sempre a descoberta que pensávamos já não ser possível, o ritmo mais sublime ainda, o toque mais à flor da pele e o sangue que ferve abaixo da epiderme e fluindo, nos dá vida e por isso, vamos vivendo... no gerúndio...

domingo, 22 de junho de 2014

Presente

Vida real, presente, o hoje, o agora...
São todos estes minutos que quando querem parecem horas e as vinte e quatro horas de um dia que se fazem em segundos tantas vezes.
O tempo corre quando não queremos, e pára  quando precisávamos que estagnasse.
Na inspiração é presente e na expiração já é passado, e este é um dos instantes mais curtos, o instante que queremos perpetuar e nos foge, escorrega, sem que o consigamos deter - como todos os instantes em que nos sentimos bem e felizes - aqui, se o processo parar no tempo, não nos resta senão morrer...
O meu hoje é pleno de imperativos e nem todos, ou quase nenhuns, são escolhas minhas. Vivemos, ou existimos, envoltos em obrigações, sobram-nos poucos momentos para o que realmente nos dá prazer, para aqueles de quem gostamos mas com quem queríamos estar a fazer coisas completamente diferentes.
Quando damos conta, já começou outro dia cheio do mesmo, cheio dos mesmo mecanismos já quase automáticos. Perde-se a intensidade, perde-se a paixão, perde-se lentamente o horizonte.
Não quero! Quero baralhar tudo e voltar a dar! Quero fugir à rotina onde, por vezes, até me sinto segura. Mas quero, quero ousar mais, sair da zona de conforto, sinto que preciso voar para que o futuro seja mais cheio de sorrisos, gargalhadas, e verdade, muita verdade de emoções e sentimentos..
Quero transformar esse futuro, em presente...




sexta-feira, 20 de junho de 2014

São saudades

É como se o coração tivesse uma espécie de papilas gustativas, responsáveis por discernir, filtrar e catalogar os impulsos eléctricos emitidos pelo cérebro e transformando em saudade os doces e em angústia os amargos.
Quero dizer-te que sinto saudades tuas, mesmo se te tenho em mim, gritá-lo como se de um Hino se tratasse, um Hino de alegria.
São saudades o que sinto, e é bom. E melhor ainda, porque não é triste. Hoje sorrio com a saudade que em outras alturas já me deitou ao chão. 
Brincam na minha barriga novamente as borboletas, enchem-se de cores pela metamorfose, geram o perfeito caos em mim, e novamente é bom.
É bom ter um sorriso estúpido no rosto de novo, é bom ter esta saudade que me faz sentir viva..

... melhor ainda será matá-la ...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O amor tem dias tristes

Sou uma convicta crente de que na vida, tudo tem de ter o seu reverso. 
O amor também tem os seus dias tristes. Sendo, por norma, um significado Feliz, pelo menos o Amor como  eu o entendo (e não o que tanto se alvitra por aí, sem o ser), tem que ter os seus dias tristes, apenas e só para permitir que percebamos o real do seu valor, o quanto vale nos momentos em que tudo é fácil, e sorrisos e alegrias.
A tristeza faz parte. O que seria das baladas românticas se não houvesse dias tristes no amor, o que seria da poesia, das lágrimas, dos dramas, de Romeu e de Julieta?
Tenho o mesmo respeito pelos dias tristes no amor que tenho pelos felizes, e a certeza de que o que prevalece sempre, assim nós o queiramos e tenhamos sabedoria para tal, é a subtil e delicada consciência de que tudo é experiência, tudo é aprendizagem, tudo é sempre mais um passo dado na escadaria dos afectos, da construção de teias de entendimento.
Queremos sempre mais, queremos sempre tudo e esquecemos muitas vezes que, como dizia Ghandi, "não existe um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho"!
Vivamos pois os dias tristes no amor, sem preconceitos, sem culpas e sem medos, mas com esperança, com a convicção de que eles são necessários, porquanto não se sobreponham, em número, aos dias felizes...
Eu acredito!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Das esperas

Falar sobre esperas e não sentir a o sangue a correr-me nas veias não é possível. O calor que sobe e emerge à flor da pele, de dentro para fora e provoca algo como uma breve alucinação, rasgando os lábios num sorriso e trazendo aos olhos a emoção de uma lágrima nervosa e impaciente.
Faz-se de batimentos mais ou menos compassados o tempo que medeia a espera e o encontro, talvez porque o coração se muda temporariamente para a garganta dificultando a função de engolir, de respirar, doce ansiedade esta da espera pelo que é concreto, pelo que é verdadeiro - sempre uma primeira vez a cada novo encontro.
Já não me culpo mais de esperar tanto e sempre, não me culpo sequer de entregar as minhas emoções a quem me chega dentro da alma, brinca junto comigo e derrama também as suas emoções para se envolverem com as minhas num suave bailado de energia, de amor...
Já não me questiono sobre esperas, agora vivo-as intensamente porque me trazem, adornada de significado, a felicidade - sempre eterna enquanto dura! 
Não vou precisar esperar para sempre, mas esperarei o que for preciso enquanto tiver a consciência de que o caminho te traz até mim, e mais que o caminho... a vontade...

domingo, 15 de junho de 2014

Das noites quentes

Sabem a preguiça as noites quentes, onde sobram acções e o gesto mais repetido é o de sorver algum líquido estupidamente gelado enquanto o pensamento se distraí e procura o conforto fresco a menta, sempre presente em memórias de Verão.
Das memórias não quero as personagens, quero apenas filtrar os sentidos e dar largas às emoções, reescrever sentires e pulsações, projectar futuros felizes e intensos, plenos de descobertas e de vitórias embora não sem o o sal dos tropeções.
Nas noites quentes, gosto de ver as estrelas cadentes, nelas voam também os meus desejos, gosto de sentir aromas campestres, ouvir os sons que a natureza projecta quando o mundo se enche de silêncio - se pudesse ser sempre assim...
Trago-te sempre presente nas linhas do meu pensamento, na ponta dos dedos enquanto desfio estas palavras de travo doce e meigo. Traço linhas imaginárias na tua pele provocando um arrepio, percorro o teu rosto com as pontas dos dedos e sinto, enquanto fecho os olhos, que a tua presença é mais forte que o vazio do lugar a meu lado...
Há noites quentes cheias de nostalgia...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Filantropia

Esta não é só mais uma palavra cara, mas sim uma palavra que me é cara! Mais que uma palavra, um conceito, uma atitude, uma filosofia de vida. Não sou fã de palavras apenas pelo seu desenho figurativo no papel! De que nos servem palavras bonitas, esquisitas, engalanadas, quando as atitudes, as acções não acompanham!?
Não sou sempre a mesma, sou Humana, erro, e posso até, para minha vergonha, incorrer por vezes em alguns juízos fáceis e/ou errados. Falo mal de alguém porque estou enervada, demonstro o meu mau feitio pleno de ironias indisfarçáveis, sou dura, fria, é verdade... sou mesmo Humana. Sei porém que esta não é a regra que me rege, não é certamente o que me define. Não sou mais ou melhor que ninguém mas sou assumidamente alguém que busca com todas as forças o caminho da Filantropia.
Sou na maioria das vezes uma optimista, lanço, ou procuro lançar nas minhas atmosferas, sempre energias positivas, mesmo se às vezes por dentro tudo é escuro, tudo é negro. Faço-o por acreditar que realmente colheremos o que semeamos, que o Bem e o Amor mais cedo ou mais tarde vencerão, que o bem gera o bem, e que maus pensamentos só podem trazer más consequências.
São dias estranhos estes que nos atravessam a vida, cheios de acontecimentos que se me afiguram despropositados, cruéis, desvirtuados e esvaziados do essencial.
Mas acredito, com toda a força do meu bem querer, que o Homem na sua condição de Humano, mesmo que nem sempre a saiba honrar, vai perceber, que todos precisamos uns dos outros, e que a máquina Global que é a Humanidade não sobreviverá plena de dignidade se não ousarmos, um e cada um de nós, perseguir o bem para todos, e para os outros...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Coração ao alto

Aquele momento intenso e fugaz em que me assaltas o pensamento e permaneces - uma vertigem!
Como pode a permanência ser tão fugaz?
Respiro-te num breve sopro, alimento-me das tuas palavras e do teu toque antes que de novo me escapes. Na verdade nunca me escapas efectivamente, marcando na minha alma o teu lugar de forma indelével. É disto que me alimento, das emoções e sensações que me despertas, do arrepiar da pele, dos risos e gargalhadas incontidos, do carinho.
Sou espectadora interessada de ti, ouvinte atenta. Sabes que mesmo quando não te entendo eu estou ao teu lado e o tempo, se o houver, se encarregará de ajustar as nossas diferenças sem desvirtuar as nossas personalidades. Cresceremos juntos em alma e idade, na vertigem de um amor por descobrir.
Não adianta, sou fã incondicional da vida em montanha russa de emoções, e esta vertigem, permanente na sua inconstância, que trazes à minha vida, de novo me prova de que não adianta lutar contra.
Encho o peito de ar, ergo, como sempre, a cabeça, e...  coração ao alto... 



domingo, 8 de junho de 2014

Sorrir

Trago comigo a inquietude dos dias, de todos os batimentos dos corações do Mundo, a frágil mas permanente busca de um sorriso, que encontro perdido no véu da ternura.
Sei de mim, dos que me são e dos que me têm, que me levam por inteiro na mais pura forma do seu sentir, que me mostram, cada um à sua maneira, que este é o caminho, não desprovido de trilhos, armadilhas ou precipícios, que devo sempre continuar a palmilhar, porque as feridas acabam sempre por naturalmente sarar.
A vida surpreende-me, presenteia-me com presenças, reminiscências do passado que trazem à minha realidade a felicidade ausente. Sinto o vento, vou com ele, planando em todos os sentidos. Dou de mim, recolho-me inteira, ofereço amor e sorrisos avulsos, beijos e abraços mudos, e encontro um lugar de paz, no colo que me devolve e me revolve e não me deixa mais olhar para trás.
Não sei o que me reserva o futuro, sei que as letras vieram brincando até mim, riram e formaram as palavras que agora desenham este meu sentir. Sei que não estou só e que o descobri, que hoje só tenho razões para sorrir, e das inseguranças que teimam em beliscar, não tenho medo, apenas respeito e a ansiedade boa do que está por vir.
Encaro e avanço, com passos mais ou menos firmes, mais ou menos decididos, mas com a certeza de que, por muito que me possa afastar, esconder ou até fugir, este é o lugar, este é o momento, esta é a razão de ter voltado a Sorrir.